Dia mil do protectorado estrangeiro no meu país.
Continua a sangria de gente jovem e formada para além fronteiras em vagas que se repetem pelos séculos.
Vou trabalhar e pela autoestrada ligo o rádio e escuto uma voz difundindo a sua mensagem religiosa que envolve um apelo propagandístico às benesses na liberdade de ensino e do papel do Estado. Que mania esta dos religiosos se meterem em política. Segundo essa voz, a liberdade de educar os filhos conforme a vontade dos pais de acordo com uma opção pelo contexto ensinado nas escolas, obriga a que o Estado financie as escolas privadas, em nome da liberdade.
Ficamos a saber duas coisas, que a matéria tão fundamental pode ser ensinada de formas distintas, como se as Matemáticas do Crato fossem passíveis de interpretação ideológica, e que ‘liberdade’ passa por ir a um restaurante e pedir um prato que não está no menu.
Ou seja, o cidadão paga a educação, mas na hora de escolher escolhe outra forma de educação e o Estado tem de pactuar, numa engraçada ideia de escola pública, mais ágil, mais adequada aos sabores das modas e caprichos dos encarregados de educação.
Daqui a uns anos não podemos senão esperar que cada família faça a educação da sua criança à sua medida, uma escola a la carte.
A escola pública não visa formar consumidores, visa formar cidadãos. É sumamente curioso que as forças políticas que gostam de normalizar e dividir tudo socialmente são aquelas que vem afinal dizer que todos devem ter uma educação diferente. E que liberdade passa por poder escolher mais que uma marca de pasta dentífrica de uma prateleira de supermercado.
Mais curioso ainda que da Igreja ainda venham estas ideias e propostas, não exactamente por recriação própria mas apropriando-se da onda argumentativa actual.
É o tempo dos argumentos, ao serviço de quem os profere. A lógica retorcida ao sabor das vontades torna impossível o discurso. Não é possível encurralar um sofista a partir do debate racional, objectivo. Os sofistas lutam sujo, não por mor de chegar a uma conclusão e a uma eficiência de processos, mas por conseguirem levar a água ao seu moínho.
Torna-se perplexo o espectador que analisando os vitupérios, escuta o escarnecer dos sistemas de esquerda e mutualização da propriedade, sob epítetos de ‘falta de liberdade’ e ‘propaganda’ ou ‘censura’.
Que outra coisa não é a lógica inquinada ao serviço de uma visão do mundo, senão propaganda?
Que outra coisa não é o provincianismo português senão a adesão acrítica a ideias feitas e a total demissão de um projecto autónomo enquanto cultura?
A manipulação da linguagem é total ante uma população imbecilizada entre telenovelas e futebol e que se prepara para legitimar de novo os inaptos do costume.
Que se pode dizer de um sistema onde os piores decidem o destino dos mais esclarecidos? Que dizer de um sistema onde indigência argumentativa e a má fé são a base das tomadas de decisão? Portugal é uma jangada de pedra à deriva desde a sua fundação, o orgulho de uma autonomia só se evidenciou nos momentos históricos em que a solidão do virar costas ao continente sempre foi uma opção alheia, logo forçada, logo não opção.
O esforço passado em sangue e opções estratégicas da nossa política externa, foi completamente desbaratado ante as submissões consecutivas através de acordos não sufragados politicamente, pagos a peso de outro pela eurocracia.
Não há que censurar estas pessoas que optam pela extinção da entidade geo política ‘Portugal’.
Há que perceber que são consequência da sociedade que deixámos construir nos últimos 40 anos. A geração presente, a que decide, é ‘europeísta’, ‘globalista’ e cosmopolita. Na minha opinião é fatalmente ingénua, mas tomo essa ingenuidade como consequência de grande parte dos nossos decisores terem sido criados numa sociedade corrupta, promotora dos espertos, e completamente acéfala no que concerne à adesão a modos de vida e mundividências externas.
Contra o provincianismo, e contra a criação endémica de traidores sem o saberem, o único paliativo é a educação. Com a redução do papel do Estado, reduz-se também a sombra da pátria, a visibilidade de um projecto nacional, que se encontra em suspenso de mais uma região ultraperiférica de um aborto chamado União Europeia. Portugal é ultraperiferia, e quanto mais portuguesinhos nos sentimos mais nos queremos sentir cidadãos do mundo, cosmopolitas, participantes de uma Europa, na qual nada temos a dizer que decida, após os sucessivos tratados assinados por traidores profissionais.
Não é possível evitar a corrupção pós revolucionária, sem ser com um Estado ditatorial. Isto porque os cidadãos vão sempre querer obter vantagem ou evidência uns em relação aos outros, e a nossa única forma de evitar isso seria uma educação pública para a República, não para uma pseudo democracia sem sabor e refinada por ideias de politicamente correcto, mas que evidenciasse o que custa e o que está envolvido numa sociedade igualitária e independente.
Urge um apelo às armas e à violência, bem como à desobediência civil. Não porque sejam respostas a alguma coisa, mas porque infelizmente não há mais nada que possa obrigar a população a parar e a pensar, numa reformulação da sociedade em que se deixou cair. Não defendo a violência mas neste momento é mais violenta a inacção que uma sublevação geral.
Se nada for feito além de calma submissão, os problemas vão-se avolumar e não desaparecer, estamos todos a fingir que não vemos o elefante na loja de loiças.
É imperioso resistir e apelar ao bloqueio global do país, mesmo que aumente uma divída que já por si é impagável. é necessário sovar e organizar acções violentas e concertads contra as personalidades que representam o regime. O episódio Relvas homenageado no Brasil, não foi importante por causa do caricato da situação do falseador, e da sua celebração, mas sim por podermos observar em directo os sorrisos amarelos dos colunáveis que iam acedendo ao recinto. Gente qua nunca passou necessidades na vida e para eles este é o melhor sistema possível, cada um merece o que tem, começando por eles, os risos de superioridade e pretensa civilidade reflectem uma forma de encarar o mundo que coloca antagonismo insanável entre conservadores e revolucionários. Os nossos aldrabões e inaptos governantes vivem numa redoma própria, num mundo de justificação actualizada no qual quase tudo faz sentido. Vivem na lua portanto, e é esse fundamentalismo que os torna perigosos.
Ao fundamentalismo terrorista, não há resposta passível de apelar além de uma lógica inquinada, de facção. Não se consegue convencer os conservadores da necessidade revolucionária enquanto as pessoas acharem que existe algo a perder.
Não há pois diálogo entre facções, não há acordos, apenas a suspeita de que só através do empobrecimento geral da maioria, se pode voltar a calibrar, temporariamente de novo, a nossa sociedade. E destes avanços e recuos se faz a nossa História.
Portugal é aquilo que pode e deve fazer de si mesmo. Abdicar deste carácter aberto de possibilidade, de potência, é abdicar da nossa identidade, além de selecções de futebol ou de galos de Barcelos e pasteis de nata.
O desfile de inaptidão que nas últimas décadas é observável na pasta da Educação, nao é fortuito senão sistematico. Creio assim que com a vergonhosa complacência da população portuguesa, estamos a liquidar as últimas raízes que prendiam o último dente à gengiva.
Não por culpa do senhor Crato, mas mais uma vez daqueles que caem nos discursos de lógica enviesada do ‘rigor’ da ‘avaliação’ do combate ao facilitismo, que são conceitos repetidos até à exaustão que lhes retira qualquer sentido além de serem ideias feitas.
O senhor Crato no seu discurso inaugural no Parlamento revelou a profunda indigência cultural que detêm, especialmente no que concerne à ordenação dos saberes científicos.
Não é mau rapaz, apenas se meteu em bicos dos pés numa tertúlia televisiva com o senhor Crespo e com o senhor Medina Carreira, numa espécie de dialéctica dos Marretas, no que concerne ao malhar nos erros daqueles que criticavam. Discursos com ouvidos atentos e nada melhor que colocar gente que o povinho aprecia para ganhar o tempo suficiente para tanta coisa a desmantelar.
Com bolos se enganam tolos e o último dente está quase a cair, resta também comer a sopa que nos vão dar, até ao dia de finados em que recordaremos uma pátria que foi Portugal.
Continua a sangria de gente jovem e formada para além fronteiras em vagas que se repetem pelos séculos.
Vou trabalhar e pela autoestrada ligo o rádio e escuto uma voz difundindo a sua mensagem religiosa que envolve um apelo propagandístico às benesses na liberdade de ensino e do papel do Estado. Que mania esta dos religiosos se meterem em política. Segundo essa voz, a liberdade de educar os filhos conforme a vontade dos pais de acordo com uma opção pelo contexto ensinado nas escolas, obriga a que o Estado financie as escolas privadas, em nome da liberdade.
Ficamos a saber duas coisas, que a matéria tão fundamental pode ser ensinada de formas distintas, como se as Matemáticas do Crato fossem passíveis de interpretação ideológica, e que ‘liberdade’ passa por ir a um restaurante e pedir um prato que não está no menu.
Ou seja, o cidadão paga a educação, mas na hora de escolher escolhe outra forma de educação e o Estado tem de pactuar, numa engraçada ideia de escola pública, mais ágil, mais adequada aos sabores das modas e caprichos dos encarregados de educação.
Daqui a uns anos não podemos senão esperar que cada família faça a educação da sua criança à sua medida, uma escola a la carte.
A escola pública não visa formar consumidores, visa formar cidadãos. É sumamente curioso que as forças políticas que gostam de normalizar e dividir tudo socialmente são aquelas que vem afinal dizer que todos devem ter uma educação diferente. E que liberdade passa por poder escolher mais que uma marca de pasta dentífrica de uma prateleira de supermercado.
Mais curioso ainda que da Igreja ainda venham estas ideias e propostas, não exactamente por recriação própria mas apropriando-se da onda argumentativa actual.
É o tempo dos argumentos, ao serviço de quem os profere. A lógica retorcida ao sabor das vontades torna impossível o discurso. Não é possível encurralar um sofista a partir do debate racional, objectivo. Os sofistas lutam sujo, não por mor de chegar a uma conclusão e a uma eficiência de processos, mas por conseguirem levar a água ao seu moínho.
Torna-se perplexo o espectador que analisando os vitupérios, escuta o escarnecer dos sistemas de esquerda e mutualização da propriedade, sob epítetos de ‘falta de liberdade’ e ‘propaganda’ ou ‘censura’.
Que outra coisa não é a lógica inquinada ao serviço de uma visão do mundo, senão propaganda?
Que outra coisa não é o provincianismo português senão a adesão acrítica a ideias feitas e a total demissão de um projecto autónomo enquanto cultura?
A manipulação da linguagem é total ante uma população imbecilizada entre telenovelas e futebol e que se prepara para legitimar de novo os inaptos do costume.
Que se pode dizer de um sistema onde os piores decidem o destino dos mais esclarecidos? Que dizer de um sistema onde indigência argumentativa e a má fé são a base das tomadas de decisão? Portugal é uma jangada de pedra à deriva desde a sua fundação, o orgulho de uma autonomia só se evidenciou nos momentos históricos em que a solidão do virar costas ao continente sempre foi uma opção alheia, logo forçada, logo não opção.
O esforço passado em sangue e opções estratégicas da nossa política externa, foi completamente desbaratado ante as submissões consecutivas através de acordos não sufragados politicamente, pagos a peso de outro pela eurocracia.
Não há que censurar estas pessoas que optam pela extinção da entidade geo política ‘Portugal’.
Há que perceber que são consequência da sociedade que deixámos construir nos últimos 40 anos. A geração presente, a que decide, é ‘europeísta’, ‘globalista’ e cosmopolita. Na minha opinião é fatalmente ingénua, mas tomo essa ingenuidade como consequência de grande parte dos nossos decisores terem sido criados numa sociedade corrupta, promotora dos espertos, e completamente acéfala no que concerne à adesão a modos de vida e mundividências externas.
Contra o provincianismo, e contra a criação endémica de traidores sem o saberem, o único paliativo é a educação. Com a redução do papel do Estado, reduz-se também a sombra da pátria, a visibilidade de um projecto nacional, que se encontra em suspenso de mais uma região ultraperiférica de um aborto chamado União Europeia. Portugal é ultraperiferia, e quanto mais portuguesinhos nos sentimos mais nos queremos sentir cidadãos do mundo, cosmopolitas, participantes de uma Europa, na qual nada temos a dizer que decida, após os sucessivos tratados assinados por traidores profissionais.
Não é possível evitar a corrupção pós revolucionária, sem ser com um Estado ditatorial. Isto porque os cidadãos vão sempre querer obter vantagem ou evidência uns em relação aos outros, e a nossa única forma de evitar isso seria uma educação pública para a República, não para uma pseudo democracia sem sabor e refinada por ideias de politicamente correcto, mas que evidenciasse o que custa e o que está envolvido numa sociedade igualitária e independente.
Urge um apelo às armas e à violência, bem como à desobediência civil. Não porque sejam respostas a alguma coisa, mas porque infelizmente não há mais nada que possa obrigar a população a parar e a pensar, numa reformulação da sociedade em que se deixou cair. Não defendo a violência mas neste momento é mais violenta a inacção que uma sublevação geral.
Se nada for feito além de calma submissão, os problemas vão-se avolumar e não desaparecer, estamos todos a fingir que não vemos o elefante na loja de loiças.
É imperioso resistir e apelar ao bloqueio global do país, mesmo que aumente uma divída que já por si é impagável. é necessário sovar e organizar acções violentas e concertads contra as personalidades que representam o regime. O episódio Relvas homenageado no Brasil, não foi importante por causa do caricato da situação do falseador, e da sua celebração, mas sim por podermos observar em directo os sorrisos amarelos dos colunáveis que iam acedendo ao recinto. Gente qua nunca passou necessidades na vida e para eles este é o melhor sistema possível, cada um merece o que tem, começando por eles, os risos de superioridade e pretensa civilidade reflectem uma forma de encarar o mundo que coloca antagonismo insanável entre conservadores e revolucionários. Os nossos aldrabões e inaptos governantes vivem numa redoma própria, num mundo de justificação actualizada no qual quase tudo faz sentido. Vivem na lua portanto, e é esse fundamentalismo que os torna perigosos.
Ao fundamentalismo terrorista, não há resposta passível de apelar além de uma lógica inquinada, de facção. Não se consegue convencer os conservadores da necessidade revolucionária enquanto as pessoas acharem que existe algo a perder.
Não há pois diálogo entre facções, não há acordos, apenas a suspeita de que só através do empobrecimento geral da maioria, se pode voltar a calibrar, temporariamente de novo, a nossa sociedade. E destes avanços e recuos se faz a nossa História.
Portugal é aquilo que pode e deve fazer de si mesmo. Abdicar deste carácter aberto de possibilidade, de potência, é abdicar da nossa identidade, além de selecções de futebol ou de galos de Barcelos e pasteis de nata.
O desfile de inaptidão que nas últimas décadas é observável na pasta da Educação, nao é fortuito senão sistematico. Creio assim que com a vergonhosa complacência da população portuguesa, estamos a liquidar as últimas raízes que prendiam o último dente à gengiva.
Não por culpa do senhor Crato, mas mais uma vez daqueles que caem nos discursos de lógica enviesada do ‘rigor’ da ‘avaliação’ do combate ao facilitismo, que são conceitos repetidos até à exaustão que lhes retira qualquer sentido além de serem ideias feitas.
O senhor Crato no seu discurso inaugural no Parlamento revelou a profunda indigência cultural que detêm, especialmente no que concerne à ordenação dos saberes científicos.
Não é mau rapaz, apenas se meteu em bicos dos pés numa tertúlia televisiva com o senhor Crespo e com o senhor Medina Carreira, numa espécie de dialéctica dos Marretas, no que concerne ao malhar nos erros daqueles que criticavam. Discursos com ouvidos atentos e nada melhor que colocar gente que o povinho aprecia para ganhar o tempo suficiente para tanta coisa a desmantelar.
Com bolos se enganam tolos e o último dente está quase a cair, resta também comer a sopa que nos vão dar, até ao dia de finados em que recordaremos uma pátria que foi Portugal.