O ano civil, que liturgicamente se inicia após o período de retemperadora exposição ao Sol na época balnear, parece que começou mal.
É sempre curioso observar o afã e a preocupação com que cada governo trata este assunto, independentemente do grau de competência.
Diz a boa consciência que talvez a preocupação com os alunos, supostamente o nosso futuro, seja o motivo desta preocupação. Mas, após análise mais atenta, temos de ceder a uma sombria constelação de dúvidas.
Desde a aglutinação em turmas sobrelotadas, passando pela incompreensível renovação e onerosidade dos manuais escolares, até à inadequação de planos curriculares e horários, podemos formular que se a preocupação dos governantes fosse os alunos ou as suas famílias, tem uma forma muito estranha de o demonstrar. O arranque do ano lectivo nada tem que ver com os alunos, mas sim com os pais, ou pelo menos determinado poder dos pais, além do económico.
Nesta democracia portuguesa quarentona, e em estranho contraponto com a ditadura que substituiu, fecham-se mais escolas que as naturalmente condenadas pela recessão demográfica.
Não é portanto qualquer coerência em manter uma consciência ingénua.
A preocupação todos os anos repetida no início do ano escolar tem apenas que ver com calculismo eleitoralista aplicado à opinião dos encarregados de educação, esses votantes burgueses, esses os verdadeiros preocupados, a par com os professores, com a educação e bem-estar dos alunos. A Educação Nacional torna-se assim em mais um objecto ao serviço das disputas políticas partidárias.
É para os pais que se desempenha a farsa eleitoralista, e retórica que faz emergir expressões como «Paixão pela educação» ou «exigência de rigor» e outras frases feitas que têm ajudado a criar as ideias feitas postas ao serviço da rotação partidária nesta «república».
Aos tutelares interessa capturar e manter o posto, e demonstrar perante os seus pares, s sua capacidade de efectuar e revolucionar deixando marca…Ou também lucrar com o empreendorismo obtido em anos de serviço público do qual a jusante se lucrará posteriormente por serviços feitos, colocando até o Estado a subsidiar escolas privadas.
Ao legislador interessa agradar a quem lhe paga, e o provincianismo acrítico torna-se escola de pensamento, sem qualquer estratégia nacional de longo prazo para a Educação, afinal único garante de saúde republicana. Vivemos de Setembro em Setembro, enquanto der dinheiro.
Quem são estes cúmplices domesticados e coniventes? O caro leitor deve ser um deles.
Estes cúmplices são a minoria de eleitores que de sufrágio em sufrágio ajuda a legitimar as «governações responsáveis» ou as «democracias maduras» daqueles que há 40 anos orbitam nos lugares de decisão.
Portugal é um país de castas, e a casta mais baixa é quase analfabeta, vê o ‘Secret Story’, usa penteado Tomahawk, e diz ‘Prontos’ quando perde a aposta no pittbull que na ilegalidade vê morrer numa qualquer luta de cães.
A classe média é a classe quase inteiramente dedicada aos serviços, com ordenados baixos num contexto europeu, mas bem apetecível na realidade nacional, que pretende ter através de gadgets a riqueza material que a consagre cosmopolita como outras sociedades em que os ordenados mínimos superam 3 vezes o valor do nosso.
Estes salários de miséria, egrégios, permitem ainda assim alguma distinção social através dos já citados bens de prestígio, que não fariam sentido se não existisse a tal casta inferior a quem os mesmos estão inacessíveis ou limitados. É uma burguesia de verniz e bom-tom, que não deseja nenhum progresso social que não cosmético, inócuo e assexuado.
O progresso social desta gente gira em torno do seu umbigo, ou das suas curtas vistas em relação ao mundo, não deixam de ser analfabetos, mesmo que sejam detentores de títulos académicos, supostamente especializados numa área mas opinadores convictos e sapientes de todas. O conforto material sobrepõe-se a todos os outros, e a sua responsabilidade cívica reside nos documentos-indulgências que comprovam o pagamento de impostos bem como o voto sazonal para se manter a aparência de democracia, refém de quem com papas e bolos engana estes tolos.
É para esta gente que começam os anos lectivos. Os filhos são apenas a moeda de troca.
A degradação do ensino público e a sensibilidade que só uma carteira despreocupada permite leva a uma debandada para o ensino privado, para «dar melhores condições aos seus filhos» num mundo futuro de serviços e salários baixos, e que se lixem os outros nesta mundividência competitiva.
Deixá-los, eles podem pagar por estes favos de segurança e exclusividade. Para proteger os seus, ou se alienam mais da política, com a desilusão ou mesmo impotência, ou continuam a defender e a legitimar os que forçam a obliteração de um ensino gratuito e nacional, bem como as maiores esperanças de perpetuar o seu conforto material.
Votam e apoiam, sem preparação para tal senão a dos cursos que sobre alhos permitem opinar bugalhos, aqueles oráculos bípedes como o génio que surgiu com a ideia do turismo gerontófilo, isto é de construir hotéis de luxo com cuidados paliativos e de apoio aos reformados endinheirados da EU, enquanto os nossos continuam a morrer miseráveis e sós um pouco por todos os lares.
Ou aqueles gurus que dão palestras a incentivar a recepção e apoio aos alunos estrangeiros, afinal que também trarão dinheiro para dentro, quando se borrifam por completo nas milhares de desistências por impossibilidade de estudar que vão fazer implodir o sistema de ensino superior.
Largam uns patacos de apoio, através dos incorruptíveis bancos, para meia dúzia de afortunados escolhidos a dedo, mas os estrangeiros é que interessam.
Vivemos num país em desagregação, e nada do que possamos fazer ou dizer vai mudar isso.
É sempre curioso observar o afã e a preocupação com que cada governo trata este assunto, independentemente do grau de competência.
Diz a boa consciência que talvez a preocupação com os alunos, supostamente o nosso futuro, seja o motivo desta preocupação. Mas, após análise mais atenta, temos de ceder a uma sombria constelação de dúvidas.
Desde a aglutinação em turmas sobrelotadas, passando pela incompreensível renovação e onerosidade dos manuais escolares, até à inadequação de planos curriculares e horários, podemos formular que se a preocupação dos governantes fosse os alunos ou as suas famílias, tem uma forma muito estranha de o demonstrar. O arranque do ano lectivo nada tem que ver com os alunos, mas sim com os pais, ou pelo menos determinado poder dos pais, além do económico.
Nesta democracia portuguesa quarentona, e em estranho contraponto com a ditadura que substituiu, fecham-se mais escolas que as naturalmente condenadas pela recessão demográfica.
Não é portanto qualquer coerência em manter uma consciência ingénua.
A preocupação todos os anos repetida no início do ano escolar tem apenas que ver com calculismo eleitoralista aplicado à opinião dos encarregados de educação, esses votantes burgueses, esses os verdadeiros preocupados, a par com os professores, com a educação e bem-estar dos alunos. A Educação Nacional torna-se assim em mais um objecto ao serviço das disputas políticas partidárias.
É para os pais que se desempenha a farsa eleitoralista, e retórica que faz emergir expressões como «Paixão pela educação» ou «exigência de rigor» e outras frases feitas que têm ajudado a criar as ideias feitas postas ao serviço da rotação partidária nesta «república».
Aos tutelares interessa capturar e manter o posto, e demonstrar perante os seus pares, s sua capacidade de efectuar e revolucionar deixando marca…Ou também lucrar com o empreendorismo obtido em anos de serviço público do qual a jusante se lucrará posteriormente por serviços feitos, colocando até o Estado a subsidiar escolas privadas.
Ao legislador interessa agradar a quem lhe paga, e o provincianismo acrítico torna-se escola de pensamento, sem qualquer estratégia nacional de longo prazo para a Educação, afinal único garante de saúde republicana. Vivemos de Setembro em Setembro, enquanto der dinheiro.
Quem são estes cúmplices domesticados e coniventes? O caro leitor deve ser um deles.
Estes cúmplices são a minoria de eleitores que de sufrágio em sufrágio ajuda a legitimar as «governações responsáveis» ou as «democracias maduras» daqueles que há 40 anos orbitam nos lugares de decisão.
Portugal é um país de castas, e a casta mais baixa é quase analfabeta, vê o ‘Secret Story’, usa penteado Tomahawk, e diz ‘Prontos’ quando perde a aposta no pittbull que na ilegalidade vê morrer numa qualquer luta de cães.
A classe média é a classe quase inteiramente dedicada aos serviços, com ordenados baixos num contexto europeu, mas bem apetecível na realidade nacional, que pretende ter através de gadgets a riqueza material que a consagre cosmopolita como outras sociedades em que os ordenados mínimos superam 3 vezes o valor do nosso.
Estes salários de miséria, egrégios, permitem ainda assim alguma distinção social através dos já citados bens de prestígio, que não fariam sentido se não existisse a tal casta inferior a quem os mesmos estão inacessíveis ou limitados. É uma burguesia de verniz e bom-tom, que não deseja nenhum progresso social que não cosmético, inócuo e assexuado.
O progresso social desta gente gira em torno do seu umbigo, ou das suas curtas vistas em relação ao mundo, não deixam de ser analfabetos, mesmo que sejam detentores de títulos académicos, supostamente especializados numa área mas opinadores convictos e sapientes de todas. O conforto material sobrepõe-se a todos os outros, e a sua responsabilidade cívica reside nos documentos-indulgências que comprovam o pagamento de impostos bem como o voto sazonal para se manter a aparência de democracia, refém de quem com papas e bolos engana estes tolos.
É para esta gente que começam os anos lectivos. Os filhos são apenas a moeda de troca.
A degradação do ensino público e a sensibilidade que só uma carteira despreocupada permite leva a uma debandada para o ensino privado, para «dar melhores condições aos seus filhos» num mundo futuro de serviços e salários baixos, e que se lixem os outros nesta mundividência competitiva.
Deixá-los, eles podem pagar por estes favos de segurança e exclusividade. Para proteger os seus, ou se alienam mais da política, com a desilusão ou mesmo impotência, ou continuam a defender e a legitimar os que forçam a obliteração de um ensino gratuito e nacional, bem como as maiores esperanças de perpetuar o seu conforto material.
Votam e apoiam, sem preparação para tal senão a dos cursos que sobre alhos permitem opinar bugalhos, aqueles oráculos bípedes como o génio que surgiu com a ideia do turismo gerontófilo, isto é de construir hotéis de luxo com cuidados paliativos e de apoio aos reformados endinheirados da EU, enquanto os nossos continuam a morrer miseráveis e sós um pouco por todos os lares.
Ou aqueles gurus que dão palestras a incentivar a recepção e apoio aos alunos estrangeiros, afinal que também trarão dinheiro para dentro, quando se borrifam por completo nas milhares de desistências por impossibilidade de estudar que vão fazer implodir o sistema de ensino superior.
Largam uns patacos de apoio, através dos incorruptíveis bancos, para meia dúzia de afortunados escolhidos a dedo, mas os estrangeiros é que interessam.
Vivemos num país em desagregação, e nada do que possamos fazer ou dizer vai mudar isso.