Já não bastava a instrumentalização de um regionalismo à Pedroto, de décadas de boçalidade de Alberto João Jardim, dos casos falhados de Fernando Gomes, Nuno Cardoso, ou agora de Rui Moreira, que temos agora dois indivíduos a tentar reeditar o mesmo estratagema de sempre, a união de fileiras contra um inimigo externo, neste caso Lisboa.
Ora, como eu sou lisboeta, e já vi este discurso repetido, acho que tenho de ficar chateado. Nem é por me fazerem de vilão, a par dos outros 2 milhões que vivem em torno da capital.
É mesmo pela falta de originalidade e pela falta de consideração para com o público-alvo das invectivas dos separatistas incendiários.
Qualquer vitimização é um assumir de inferioridade em relação a outro ou a uma situação.
Se bem que o calhorda incendiário diga que não ofende os lisboetas per se mas o órgão de soberania nacional, o Parlamento, ofende sempre que usa a expressão ‘Lisboa’, reduzindo-a a um órgão de soberania da mesma maneira em que um trolha reduz o ente humano feminino a um par de mamas, num qualquer piropo criminalizado.
Mas deve-se ter em conta que no Parlamento não estão só lisboetas. Ou até, que o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, nem sempre foi lisboeta.
Para quem se queixa dos tentáculos centralistas, imagine-se o que seria se um lisboeta concorresse e ganhasse a presidência do Funchal, Ponta Delgada ou Porto.
Não se pode olhar para estas invectivas separatistas como uma razão real de queixa acerca de um suposto e inescapável poder centralista, dos lisboetas a conspirarem à noite para roubar as riquezas e privilégios de qualquer região que acha que deve ter mais, ser independente, ou apenas rezingar para manter os cabecilhas no poder, porque as populações se sentem isoladas em relação a outras zonas do país.
O insulto do lisboeta, é precisamente ser demonizado pelo benefício de outrem, em concreto, do político incendiário.
Se os 2 milhões de lisboetas (compostos em grande parte por milhares de pessoas oriundas de todas as partes do país) fossem todos judeus, teríamos a comunidade internacional a apelar ao fim do anti-semitismo em Portugal. Mas como não são, podemos continuar a ser utilizados por qualquer canalha sem qualquer tipo de pudor ético, para encantar os eleitores tal como ratos atrás de um instrumento de sopro.
Os USA na altura, e contra o comunismo, inundaram de meios, os movimentos nacionalistas em ambos os arquipélagos, e um dos incendiários chegou a ser presidente da assembleia da República.
Nada como um bom tacho para diluir a doença independentista.
É uma pena que tenham surgido as ligações regulares por via aérea, bem como a internet de banda larga.
Ambas possibilitam a passagem da capital política do país, para Ponta Delgada ou Funchal. Eu apoio!
Mas pergunto, de que se queixarão depois os ilhéus ou os outros independentistas todos?
Nenhuma dessas capitais tem as costas tão largas como Lisboa.
Da mesma Lisboa, bem como de outros portos, de onde saem, desde pelo menos há 5 séculos, os habitantes de tais locais, a uma hora de avião, nos dias que correm.
De que raio se queixam então os adeptos dos incendiários? Da falta de centros comerciais? Da falta de infra-estruturas culturais e básicas? Eu moro numa freguesia com 45 000 habitantes, em 17,59 km2, o que dá a módica ideia de 2520 moradores por quilómetro quadrado.
Existem piores, Monte Abraão, Amadora, etc.
Temos apenas recentemente, um centro de saúde, uma esquadra de polícia, e uma piscina de 25 metros para toda esta malta.
A freguesia mais populosa da ilha da Madeira é Santo António, no Funchal, com 27 383 habitantes em 22.17 quilómetros quadrados, com uma densidade populacional de 1235 habitantes por quilómetro quadrado.
Tem piscinas olímpicas, 2 centros de saúde, e um ou dois centros comerciais. Isto se o google maps não me enganou.
Esta comparação é básica e sem muita utilidade senão a de tentar mostrar, que a 10 minutos do centro de Lisboa, eu e outros cidadãos que moramos nesta área geográfica, não possuímos sanitas de ouro, como os incendiários da política querem fazer entender.
A cidade de Ponta Delgada tem 46 102 habitantes, espalhados por 231,9 quilómetros quadrados (município). Tem o centro de saúde de Ponta Delgada, um hospital, vários centros médicos e clínicas (maioritariamente privadas) mais de 2 centros comerciais, etc.
Este rápido e básico exemplo, visa apenas mostrar que em zonas de Lisboa, com maior densidade populacional, estes equipamentos tirados à sorte, tendem a equivaler-se em questões de quantidade.
Se o ilhéu, exige do continental igualdade de tratamento, é justo que as 46 000 almas de Ponta Delgada ou as 46 000 almas da cidade do Funchal, tenham mais equipamentos sociais que os 45 000 compatriotas encaixados em 17 quilómetros quadrados?
Mas nem todos os ilhéus são iguais.
Os de Porto Santo queixam-se do centralismo do Funchal, os do Faial, do centralismo de Ponta Delgada.
Os vimaranenses queixam-se de ter de ir ao Porto fazer tudo, a malta de Portimão de ter de ir a Faro.
E todos se queixam de Lisboa. Lisboa enquanto alvo de ódio regionalista, é o maior elemento agregador deste país.
A sério, serei o primeiro a assinar uma petição para tornar Ponta Delgada ou o Funchal, como capitais do país, colonizando assim os continentais com o imperialismo insular.
Quanto mais rápido isto for feito, mais rapidamente temos de continuar a levar com o boçalismo do centralismo. A mesma merda de espada de Dâmocles que o estado português cobarde, tem desde 1974.
Já enjoa, ou pedem independência, ou calem-se.
O que subjaz neste argumentário, não é um pedido de igualdade de tratamento, mas de privilégio.
Projecta-se na capital aquilo que não se tem ou aquilo que se deseja ter, para justificar uma suposta desigualdade. Martelam-se estudos que evidenciam a mensagem de desigualdade, com fundos pagos pelo orçamento comum, português, que todos os anos segue do continente para as ilhas, para justificar a merda da espada separatista, no próprio pescoço do país.
Nos tempos da crise do subprime, dei-me ao trabalho de ver a contribuição para o PIB nacional, da Região Autónoma da Madeira, equivalia, na altura a 3%, ou a 3 AutoEuropas.
A contribuição para a divida portuguesa, em muito suplantava essa percentagem, pois os projectos financiados pela EU, não sendo pagos a 100%, o estado centralista tinha de se chegar à frente.
Foram os saudosos tempos do Alberto João a chamar cubanos aos continentais e filhos da puta aos jornalistas.
Como foi sempre reeleito, deduzo que os madeirenses concordavam com a mensagem.
Sempre que um crápula sente o rabo apertado nas sondagens, tem a certeza de que se usar a carta do centralismo, canaliza os ódios a seu favor.
Lisboa precisa do país, mas pelos vistos o país dispensa Lisboa. Proponho alternativamente, que se divida o país em cidades-estado.
Resolve-se o problema de Portugal, seja ele qual for, porque simplesmente se corta a mão para acabar com a dor de dedo.
Ou isso, ou metam o preço dos combustíveis em Lisboa, ao preço dos preços na Madeira, que isto de ir buscar todos os meses uma sanita de ouro nova, é caro. Em gasóleo.
Andamos durante décadas a alimentar este peditório, a reboque de medíocres. Eventualmente chegaremos ao ponto de ter de dividir isto tudo, cada um na sua zona, onde é rei.
É melhor, que ter de ouvir esta gente, sem que nenhuma autoridade do estado possa chamar à responsabilidade, os crápulas. Porque estamos num país de sacanas governado por bananas.
Aberto João:
"A todos os companheiros da luta pelo povo madeirense, pela democracia e contra o colonialismo, que se encontram na Festa da Autonomia, Herdade do Chão da Lagoa, um grande abraço! Os fascismos não passarão! O colonialismo será destruído".
Bruno Melim, líder da JSD Madeira « "cavalheiros de Lisboa" que nada fizeram, assegura, pela juventude madeirense. E no aviso a "esses" de Lisboa não poupou nas palavras: "a nossa luta vai continuar (...) querem mandar em nós a partir de Lisboa e isso nunca vamos deixar".»
Miguel Albuquerque, presidente do governo regional «Quem manda na Madeira são os madeirenses.(…) muito bem clarificado (...) de um lado os autonomistas e, do outro, os socialistas ao serviço do centralismo de Lisboa»
A intervenção terminou com Miguel Albuquerque ao piano a tocar e a entoar o hino da "independência": "Madeira és livre e livre serás..."
Luís Montenegro «o PSD não recebe lições de ninguém em matéria de autonomia(…)Uma nova Lei de Finanças Regionais com mais transparência (...) não estamos aqui a olhar para aquilo que fizemos, estamos a olhar para aquilo que ainda vamos fazer a bem da Madeira»
P.S.: só uma nota para Miguel Albuquerque, quem manda na Madeira, são os portugueses. Nos quais se incluem os madeirenses.
Se quer mudar essa situação, peça a independência, como qualquer outra região portuguesa teria de fazer.
Peça ou cale-se. Sem conversa fiada.
https://www.dn.pt/politica/o-socialismo-colonialista-dos-cavalheiros-de-lisboa-sera-destruido-15044349.html